O câncer de bexiga é um dos tumores mais prevalentes em urologia. Com frequência precisa-se complemento com a administração do BCG. Mas qual a real importância do BCG em câncer de bexiga?
Na maioria dos casos, após o diagnóstico o tratamento recomendado é a ressecção do tumor por via endoscópica (um aparelho introduzido através do canal de uretra). Esse tratamento possibilita cura e controle da doença na maioria dos casos. A cirurgia também divide o câncer de bexiga em graus diferentes de agressividade e invasão. Esta classificação que ajuda os urologistas a definirem as condutas e seguimentos após o procedimento.
Em casos selecionados, após o tratamento cirúrgico, podemos aplicar o onco-BCG dentro da bexiga como terapia complementar. A imunoterapia com BCG é necessária em cerca de metade dos casos tratados por câncer de bexiga. Isso significa que, no Brasil, em 2016, cerca de 5000 pacientes necessitaram deste tratamento.
BCG (Bacillus Calmette-Guérin) intravesical é uma imunoterapia (o mesmo bacilo que é administrado para a vacina da tuberculose), que faz com o nosso sistema imunológico crie condições de atacar as células cancerígenas, atuando principalmente para evitar a recorrência do tumor. É considerada a terapia intravesical mais eficiente para os casos de câncer de bexiga iniciais e superficiais.
Administração do BCG ocorre em ambiente ambulatorial e não é necessário internação hospitalar. Após anestesia local (xilocaína dentro da uretra), aplica-se uma solução diluída na bexiga por meio de um cateter. O paciente permanece em repouso enquanto a medicação age por cerca de 30 minutos. Passado o tempo, o paciente pode urinar toda a solução normalmente.
O tratamento com BCG afeta principalmente as células que revestem a camada mais interna da bexiga, com pouco efeito nas camadas mais profundas. Isto significa que células cancerígenas mais profundas nas camadas da bexiga não serão alcançadas por este tratamento. Cabe ressaltar que o BCG também não alcança células localizadas em outros órgãos ou outras partes do sistema urinário, como rins, ureteres e uretra.
Essas características explicam porque o onco-BCG é utilizado para tratar tumores de bexiga superficiais. Também são indicados para tumores focalmente invasivos, múltiplos, pouco diferenciados (mais agressivos) e carcinomas in situ.
O principal objetivo deste tratamento nos casos de câncer de bexiga é evitar a recorrência do tumor e a invasão de camadas mais profundas da bexiga (camada muscular da bexiga).
O padrão atual, utilizados nos serviços de referência, priorizam a indução do tratamento com 40mg da diluição intravesical seguidos de um esquema de manutenção com onco-BCG 40mg intravesical, aplicados de maneira semanal.
Sua aplicação tem alguns efeitos colaterais, apesar de ser um procedimento não muito invasivo. Pode ocorrer ardência ao urinar, sensação de queimação na uretra, sintomas de gripe, febre com calafrios, fadiga e até sangramento urinário. Na maioria dos casos estes efeitos são temporários e facilmente tratados. Para pacientes com diagnóstico de tuberculose está contraindicado o uso desta imunoterapia.
Existem outras opções de tratamento com administração de substâncias dentro da bexiga. A substância mitomicina, interferon e até quimioterapia, cada uma com suas particularidades e uso menos disseminado quando comparadas ao BCG.