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01.06.2017

Dr Luís Felipe explica a importância da ressonância no câncer de próstata

Ressonância nuclear magnética no câncer de próstata

 

Dr Luís Felipe Piovesan explica aqui a importância da ressonância no câncer de próstata. Nesta última década os exames de imagem têm se tornado, cada vez mais, peças fundamentais n Uro-oncologia. Utilizados no diagnóstico, tratamentos e seguimento dos pacientes com qualquer tipo de neoplasia.  Nos casos de câncer de próstata (CaP), a ressonância nuclear magnética (RNM) é cada vez mais útil. Além disso é um exame que não envolve radiação e apresenta riscos muito pequenos de reação ao contraste utilizado. A RNM tem se consolidado como um exame fundamental em grande parte dos casos de câncer de próstata, especialmente no diagnóstico, estadiamento (estudo da extensão da doença) e seguimento de pacientes tratados.

A grande evolução deste exame é oferecer uma avaliação anatômica e funcional. Avaliação anatômica (morfológica) do órgão avalia a próstata e seus tecidos vizinhos. Avaliação funcional é realizada através de vários parâmetros (multiparamétrico), como a perfusão dos tecidos (quantidade de vasos sanguíneos), a difusão de água entre as células (desigual entre áreas benignas e malignas) e o acúmulo de certas substâncias por diferentes tecidos (espectroscopia). Por isso, o exame é chamado de RNM multiparamétrica funcional.

Progressivamente, estes exames têm se tornado cada vez mais úteis e precisos. Equipamentos modernos de 3T (Teslas) conseguem captar imagens pélvicas bastante detalhadas. Já aqueles de 1,5T são bastante precisos quando o exame é realizado por com uma bobina endorretal (como se fosse um exame de toque retal). Embora desconfortável, pode ser realizado com sedação, para melhor conforto.

Neste cenário descrito, a RNM pode ser usada em diversas situações, a se destacar:

Dignóstico do câncer de próstata

Pacientes com suspeita de CaP (por exemplo, com PSA alterado), especialmente naqueles que já tenham feito uma biópsia prostática que se mostrou negativa porém persiste a dúvida, o exame pode identificar com boa precisão áreas de risco dentro do órgão, a serem rebiopsiadas posteriormente.

Provavelmente neste cenário reside uma grande vantagem do exame. Ele é mais preciso para identificar tumores clinicamente significantes. Assim “evita” o diagnóstico indesejado de doenças que não tenham potencial risco para o paciente.

Para isso, é utilizado um sistema de classificação desenvolvido pela Sociedade Européia de Urorradiologia (ESUR- European Society of Uroradiology). Este sistema é chamado PI-RADS (Prostate Imaging Reporting and Data System). Este método serve com um bom guia para definir condutas posteriores (como mostra a tabela).

 

Captura de Tela 2017-06-01 às 3.10.25 PM

 

De acordo com o PI-RADS pode-se predizer o risco de se encontrar um tumor de próstata e seu grau de agressividade.

 

Grafico 1

 

Estadiamento e planejamento terapêutico

Uma vez diagnosticado o câncer de próstata, o tratamento é indicado em conjunto com o paciente, após a definição  da extensão da doença (estadiamento). Como exemplo, tumores pequenos e ainda localizados só na próstata em geral necessitam cirurgias menos agressivas ou menor quantidade de radiação. Em contrapartida, tumores volumosos, que  já estejam além dos limites do órgão, podem necessitar cirurgias mais agressivas (sem preservação de estruturas anatômicas próximas) para a obtenção de margens cirúrgicas livres, e/ou até mesmo maiores doses de radiação.

 

Figura 1

 

Ademais, o exame muitas vezes pode ser um bom guia para definir se o câncer já se espalhou para os gânglios (linfonodos) próximos da próstata, e também esclarecer áreas suspeitas em outras regiões do corpo, como vísceras pélvicas ou ossos.

Seguimento oncológico

Os pacientes já tratados que apresentam uma nova subida do PSA têm a  chamada recidiva bioquímica. Isso gera a suspeita da multiplicação de novas células cancerosas prostáticas em algum lugar do corpo. O exame de RNM pode ser usado com vistas a identificar possíveis áreas de recorrência.

Como conclusão, o uso da RNM tem ajudado muito os médicos a conhecer melhor o câncer de próstata. Além disso orienta o tratamento de maneira mais adequada. Evita tratamentos desnecessários, oferece melhores condições de cura e controle e  reduz possíveis efeitos colaterais indesejáveis.

 

Dr Luís Felipe Piovesan

Uro-Oncologia – Clínica Uromed