A palavra Bosniak é muito comum para descrever cistos renais em exames radiológicos. Frequentemente geram angústias, medos e preocupações nos pacientes. Mas o que realmente este assunto trata?
Com o uso frequente de exames radiológicos por diversos motivos, cada vez mais realizamos diagnósticos de cistos renais. Em sua maioria são achados de exames, assintomáticos, indolentes e que não merecem preocupações.
É rotina receber pacientes nos consultórios urológicos preocupados com esse achado. Para entender melhor e programar a conduta, utilizamos a classificação de Bosniak. Essa divisão em níveis de gravidade leva em consideração as características do cisto ao exame de tomografia ou ressonância magnética.
A técnica da tomografia computadorizada sempre deve ser realizada com o uso de contraste, indispensável para a adequada classificação. Em resumo, essa classificação nos orienta se devemos tratar, seguir ou adotar terapia conservadora. Portanto, nos dá uma ideia da origem do cisto, do risco de crescimento e se pode tratar-se de uma lesão maligna.
A classificação divide os cistos renais em 5 categorias. Pouparemos aqui os detalhes radiológicos de cada cisto, pois não é foco do artigo. Destacaremos aqui apenas a correlação da classificação de Bosniak com o risco de malignidade e as principais opções de tratamento.
O cisto Bosniak I é também chamado “cisto simples”. Pode ser encontrado em 20-50% após os 50 anos de idade, em ambos os sexos. Podem ser múltiplos e ocorrerem em ambos os rins. Podem ser pequenos e até de grandes volumes. Tem o formato de uma bolha, é regular e preenchido por líquido em seu interior. Em sua maioria não causa sintomas e não merece tratamento. São lesões benignas e não têm risco de transformarem-se em um tipo de câncer.
A partir dos cistos Bosniak II, temos os cistos renais complexos. São aqueles que apresentam em seu interior alguma material sólido, áreas de fibrose e/ou contornos irregulares. Quanto maior a classificação, maior o risco de malignidade dos cistos e ou risco de tratamento cirúrgico.
Os cistos Bosniak II referem-se aos cistos com alterações discretas e muito provavelmente benignos. Inicialmente, sempre optamos por acompanhar ao invés de cirurgia, devido ao baixo risco para uma doença mais grave.
Os chamados cistos Bosniak IIf referem-se a cistos com alterações mais evidentes aos anteriores. A sigla “f” vem do termo em inglês (follow-up), que significa “seguimento”. Portanto, são lesões que merecem acompanhamento, sem nenhum motivo para alarme imediato. O seguimento deverá ser realizado com exames de imagem periódicos e a conduta determinada de acordo com o comportamento do cisto. Esta categoria foi reservada para as lesões difíceis de serem classificadas em II ou III.
Os chamados cistos complexos Bosniak III e Bosniak IV sempre devem ser tratados em virtude do risco significativo de um câncer. Este tópico merece um artigo específico, que você pode encontrar aqui.
Abaixo você pode encontrar uma ilustração que define claramente os tipos e a classificação de Bosniak para os cistos renais.