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01.06.2017

Câncer de próstata: é possível não tratá-lo?

O câncer de próstata é a neoplasia mais comum dos homens. É foco de muito estudo, tema de muitas publicações e ainda existe muita incerteza acerca de seu diagnóstico e tratamento. Representa ainda, de fato, um desafio para os urologistas.

Podemos ter diferentes apresentações entre os cânceres de próstata. Existem tumores muito agressivos, que já não apresentam mais possibilidades de cura. Entretanto existem tumores de próstata tão indolentes e pouco agressivos que poderiam apenas ser acompanhados, ou seja, sem a necessidade de tratamentos agressivos.

Existem critérios bem estabelecidos para classificar um câncer de próstata. A partir daí, podemos optar por evitar ou adiar os tratamentos mais agressivos, como a radioterapia ou cirurgia. Duas são as modalidades que postergam ou não tratam de maneira invasiva esta neoplasia. São as chamadas: vigilância ativa (active surveillance) e watchful waiting.

Câncer de próstata e Vigilância Ativa (active surveillance)

A vigilância ativa surgiu como modalidade ha cerca de 15 – 20 anos, na suspeita de que nem todos os casos de câncer de próstata necessitassem de tratamento na época. Conceitualmente, a vigilância ativa refere-se ao fato de acompanhar os casos selecionados de pacientes com tumores pouco agressivos. Isso não quer dizer que não será realizado nenhum tratamento! Na verdade, esta modalidade serve para postergar o tratamento, talvez por muitos e muitos anos. O objetivo é evitar os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos padrão (cirurgia e/ou radioterapia).

Entretanto vale aqui explicar que a vigilância ativa requer disciplina para aqueles pacientes que preenchem os pré-requisitos. Além de serem portadores, em teoria, de um tumor pequeno e indolente, os pacientes precisam de avaliações periódicas frequentes com o urologista. Com isso podemos acompanhar de perto o comportamento e a evolução do tumor. Isto é necessário? SIM!!!!! Em mais de 40% dos casos há um crescimento do tumor, situação que irá requerer alguma forma de tratamento mais invasivo. A grande vantagem da vigilância ativa é postergar o tratamento (e os efeitos colaterais dos mesmos) sem riscos significativos de que o tumor cresça oferecendo riscos maiores aos que apresentava no momento do diagnóstico.

Os candidatos para esse “tratamento” devem ser portadores de tumores ditos de “baixo risco”. Existem várias formas de classificar um tumor de próstata. Uma das mais utilizadas é a que considera PSA < 10, toque retal normal, e biopsia prostática com menos de 3 fragmentos positivos e com classificação histológica de Gleason 6 (ISUP II). Como sabemos, a biopsia pode errar na classificação do tumor por analisar uma pequena amostra da próstata. Por isso estes pacientes precisam ser periodicamente avaliados.

Vigilância ativa precisa de novas biopsias de próstata

Durante o seguimento, o paciente será avaliado para verificar se o tumor apresenta dados de progressão da doença. Para isso, são avaliados as dosagens de PSA, exames seriados de toque retal e exames de imagem. Se houver indícios de progressão, novos exames de estadiamento e biopsia deverão ser realizadas.  Se não houver indícios de progressão, o paciente será submetido a biopsias programadas (geralmente com 1, 3, 5 e 7 anos de seguimento).

Câncer de próstata e Watchful Waiting

Já esta forma de seguimento difere um pouco da supra-citada. Esta seleciona pacientes onde os tratamentos radicais, utilizados de maneira rotineira para a maioria dos casos, acabam sendo mais agressivos que a própria doença para aquele paciente. Nestas circunstâncias, o tratamento faria mais “mal” ao “bem”. Opta-se, portanto, apenas seguir o paciente de modo a evitar as complicações do câncer de próstata e visa-se tratar os sintomas, quando presentes.

Como vocês podem perceber, não trata-se de uma modalidade curativa. É apenas seguimento paliativo. Ilustrando o caso, poderíamos citar uma situação hipotética de uma paciente muito idoso, com múltiplas doenças associadas e com diagnóstico de um câncer de próstata pouco agressivo. Sabendo-se que esse tumor levará muitos até trazer alguma consequência, opta-se apenas pelo acompanhamento. Assim poupamos os tratamentos, que neste caso, seriam mais agressivos que a própria doença.

 

 

Se você tem dúvidas ou algo a complementar, não hesite!!! Entre em contato com a equipe da NeoUro, que faz exclusivamente tratamentos referentes à uro-oncologia. Nós teremos prazer em atendê-lo e retirar suas dúvidas.

 

Equipe NeoUro

Dr. Aguinel Bastian

Dr. Luís Felipe Piovesan

Dr Ricardo Kupka