Perguntas Frequentes

21.04.2015

As perguntas mais comuns para câncer de bexiga

O que é a bexiga e para que serve?

A bexiga é um órgão muscular localizado na pelve e armazena a urina produzida nos rins para que seja eliminada através do canal da uretra. Sua musculatura se relaxa durante o enchimento e se contrai para eliminação.

Existe câncer de bexiga?

O câncer de bexiga não só existe, como está entre os mais comuns. É o segundo tumor do trato urinário mais prevalente nos homens. Por vezes, podem ser tumores graves, dependendo do tempo para o diagnóstico e do grau de agressividade. Com o aumento do diagnóstico e com a evolução dos tratamentos, atualmente cerca de 70% dos casos de câncer de bexiga são curados.

Quem pode ter câncer de bexiga?

O câncer de bexiga ocorre em ambos os sexos, sendo 3 a 5 vezes mais prevalente em homens. Saiba também que a incidência do câncer de bexiga aumenta com a idade e que é raro antes dos 40 anos (menos de 1%).

Quais os principais fatores de risco para o câncer de bexiga?

Em linhas gerais, são:

  • Tabagismo
  • Idade (90% após os 45 anos)
  • Exposições ocupacionais a certos agentes químicos (fábricas de borracha, couro, têxteis, pintura)
  • Processos inflamatórios crônicos na bexiga (infecções / cálculos na bexiga)
  • Radioterapia

Quais os sintomas do câncer de bexiga?

A maioria (75%) dos casos são diagnosticados devido a sangramento na urina (chamado de hematúria), que pode ser identificada visualmente na urina (hematúria macroscópica) ou através em exame de urina (hematúria microscópica).

Outros sintomas comuns são sintomas irritativos da urina, como ardência (disúria), aumento da frequência das micções (polaciúria), sensação de esvaziamento incompleto entre outros.

O câncer de bexiga tem cura?

Sim, mas depende da precocidade do diagnóstico, da extensão e do grau de agessividade do tumor. Em linhas gerais, o câncer de bexiga pode chegar a 70% de cura.

Como é feito o diagnóstico do câncer de bexiga?

A suspeita de um câncer de bexiga geralmente ocorre devido ao sangramento na urina (hematúria), confirmado por ultrassonografia e/ou cistoscopia (endoscopia da bexiga). Porém o diagnóstico definitivo só pode ser realizado após uma biópsia da lesão suspeita.

Quais os principais tipos de câncer de bexiga?

  • Carcinoma urotelial (ou carcinoma de células transicionais): mais comum (90%) e ocorre por alterações na camada mais interna de revestimento da bexiga.
  • Carcinoma de células escamosas (ou carcinoma epidermóide): ocorrem após infecções / inflamações crônicas na bexiga. Representa 9% dos casos.
  • Adenocarcinoma: ocorre devido a alteração nas células secretoras da bexiga e é bastante raro.

Quais as formas de tratamento do câncer de bexiga?

O tratamento é baseado na extensão e agressividade da doença, bem como nas condições gerais do paciente.

Quando o tumor está restrito às camadas superficiais da bexiga, indica-se uma cirurgia endoscópica pela uretra (RTU – ressecção transuretral). Já quando a doença invade o músculo da bexiga, as opções são a cirurgia radical para remoção da bexiga (cistectomia) ou a radioterapia, sendo a cirurgia o tratamento de escolha na maior parde dos casos. Quando a doença avança para outros órgãos (metástases), indica-se a quimioterapia.

Quais as formas de tratamento cirúrgico existentes para o câncer de bexiga?

Os tratamentos tem indicações precisas e são escolhidos de acordo com as características do tumor e do paciente. Entre elas estão:

  • RTU de bexiga (ressecção transuretral de bexiga): faz-se uma “raspagem” do tumor por um aparelho introduzido pelo canal da uretra. É a forma inicial de tratamento e indicado para os tumores restritos às camadas superficiais da bexiga.
  • Cistectomia radical com linfadenectomia pélvica: consiste na remoção completa da bexiga e dos gânglios pélvicos. Indicada para tumores invasivos (que já alcançaram as camadas mais profundas da bexiga). Nos homens, a próstata também é removida junto com a bexiga. Nas mulheres, também são retirados o útero, tubas uterinas, ovários e a parte superior da vagina.
  • Cistectomia parcial: consiste a remoção da porção da bexiga que contém o tumor. É indicada para casos muito específicos.

Há necessidade do uso de sonda após a raspagem da bexiga (RTU de bexiga)?

Sim, ela é necessária para que possíveis sangramentos decorrentes da cirurgia não se acumulem dentro da bexiga, ocasionando coágulos e dores. Também utiliza-se a sonda urinária para deixar a bexiga “em repouso”, recuperando a área do tumor ressecada. Esta sonda urinária é temporária e seu tempo de permanência depende basicamente do tamanho da ressecção realizada.

O câncer de bexiga pode voltar?

Sim, é relativamente comum a recorrência dos tumores de bexiga. Por isso o paciente deve estar orientado a fazer um seguimento com seu Urologista de maneira regular. Com o acompanhamento periódico, mesmo que ocorra uma recidiva, ela é geralmente tratável sem que haja impacto na qualidade de vida e perspectivas de cura posterior.

Como é feito o acompanhamento após o tratamento do câncer de bexiga?

Por 2 anos, o paciente deve ser avaliado a cada 3 meses com exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Entre eles destacam-se: cistoscopia (endoscopia da bexiga), ultrassonografia urinária e citologia oncótica urinária (pesquisa de células malignas na urina). Depois, este seguimento deverá ocorrer a cada 6 meses até completar 5 anos, como mínimo.

O que é a cistoscopia e qual a sua utilidade?

É uma endoscopia das vias urinárias, realizada com um equipamento específico (cistoscópio). Pode ser realizado com anestesia local ou sob sedação e tem a função de diagnosticar alterações no interior da bexiga. Podem ser realizada biópsias por meio da cistoscopia e também é utilizada para o acompanhamento oncológico após o tratamento do câncer de bexiga.

Eventualmente pode ser realizada cistoscopia com aparelho flexível, sendo esta mais confortável ao paciente, por ser tratar de uma aparelho de menor calibre e maleável, que acompanha as curvas da uretra.

Quais as indicações da radioterapia no câncer de bexiga?

Como tratamento complementar após a cirurgia da bexiga, como forma inicial de tratamento quando o paciente não pode ser submetido ao tratamento cirúrgico ou ainda como fase inicial do tratamento em casos de tumores avançados ou para tratar complicações, como sangramento na urina.

Quais os principais efeitos colaterais da radioterapia no tratamento do câncer de bexiga?

Náuseas e vômitos, desconforto/dor na região supra-púbica (abaixo do umbigo), sintomas irritativos para urinar, diarréia, sangramento anal, sangramento na urina (hematúria) e infecções urinárias.

O que é e qual a função da vacina BCG no tratamento do câncer de bexiga?

O BCG (Bacillus Calmette-Guérin) na forma diluída é administrado na bexiga através de uma sonda pelo canal da uretra. É utilizado em casos específicos para reduzir o risco de recorrência do tumor após o tratamento cirúrgico. É o que chamamos de imunoterapia intravesical, pois o BCG é uma bactéria que ativa o sistema imunológico e atrai células de defesa para a bexiga, e estas por sua vez, combatem também as células tumorais. Tem como possíveis efeitos colaterais febre, ardência urinária (disúria), calafrios, e sintomas gripais.

Existe quimioterapia para o câncer de bexiga?

Sim, e estas medicações têm indicações precisas. Geralmente estão indicadas antes da cirurgia para a retirada da bexiga (tumores maiores e invasivos) ou para complementar o tratamento após o ato cirúrgico ou em conjunto com a radioterapia, em casos mais avançados.

Após uma cistectomia (retirada completa da bexiga), como é reconstruído o trato urinário?

Este é um assunto complexo e sua resposta dependente de muitas variáveis. Depende das condições clínicas gerais do paciente, das expectativas do paciente, do tipo, tamanho e localização do tumor, entre outros. De um modo geral, as duas principais formas de reconstrução do trato urinário são:

  • Neobexiga: reconstruir uma nova bexiga com uma porção do intestino. É um procedimento que demanda mais tempo e acarreta mais riscos, onde o paciente passa a urinar por via natural (uretral). É uma derivação urinária continente, ou seja, onde o paciente tem controle da eliminação da urina.
  • Bricker: visa reconstruir um conduto de saída para urina com uma porção de intestino, onde a urina é armazenada por uma bolsa coletora adaptada na pele do abdome (urostomia). Envolve menos riscos de complicações que a “neobexiga”, porém é uma opção incontinente, onde o paciente não tem controle da micção.

Câncer de bexiga é uma urgência?

Não, a menos que seja diagnosticado em virtude de uma complicação (por exemplo, retenção urinária em virtude de um sangramento ocasionado pelo tumor). Em todos os outros casos trata-se de uma doença que deve ser estudada adequadamente antes de se definir a conduta, ou seja, de tratamento eletivo, programado. Para isso, os exames de pré-operatórios são de extrema importância. Por vezes são necessárias avaliações clínicas completas antes de se instituir o tratamento cirúrgico.

Há tempo para uma segunda opinião caso você não sinta segurança no profissional que primeiro lhe orientou. O tratamento do câncer de bexiga não é uma urgência! E aqui vai uma dica caso opte por uma segunda opinião: leve os principais exames, como:

  • ultrassonografia e/ou tomografia (laudo e imagens)
  • resultados de biópsias, caso tenham sido realizadas
  • laudo de cistoscopia
  • todos os exames de laboratório
  • lista de medicações de uso rotineiro e usados previamente

Boa parte do sucesso do tratamento de um paciente com diagnóstico de câncer de bexiga é motivação e disciplina. Portanto, anime-se!