O câncer de testículo representa até 1,5% dos tumores masculinos. É um tipo raro, mas que tem casos na infância, juventude e também acima dos 60, sendo a faixa etária entre 15 e 35 anos a que mais registra casos.
Os tumores de testículos são divididos em dois grupos: seminoma e tumores de células germinativas não-seminomatosos (TCGNS), que incluem carcinoma embrionário, coriocarcinoma, teratoma, teratocarcinoma, tumor do saco vitelínico ou Yolk sac, entre outros, sendo que entre 40 e 60% dos tumores de células germinativas tem mais de um elemento histológico presente (tumores mistos).
Riscos de desenvolver câncer de testículo
De 7 a 10% dos pacientes com câncer de testículo são provenientes de casos em que o testículo ficou oculto, denominado pelos médicos de criptorquidia, sendo que de 85 a 95% dos tumores se desenvolvem no testículo criptorquídico.
Ter um testículo criptorquídico eleva o risco de tumor de 8 até 50 vezes, sendo o risco maior para os testículos intra-abdominais. A correção da criptorquidia parece não reduzir significativamente o risco do desenvolvimento do tumor de testículo.
O risco de desenvolver câncer de testículo pode ser estimulado em função de situações pré existentes (algumas aumentando em até 15 vezes as chances de ter o tumor), entre elas:
Existe também uma associação positiva entre a infecção pelo HIV e o desenvolvimento de neoplasias testiculares. Alguns fatores não apresentam associação concreta com os tumores de testículo, como trauma e atrofia testicular.
Sintomas
A queixa mais comum relatada pelos pacientes com tumores testiculares é a presença de massa ou aumento do volume testicular indolor. A dor aguda é referida por 10 a 33% dos pacientes e trauma prévio por de 4 a 21%.
Diagnóstico
Em alguns pacientes o câncer é identificado quando já ocorreram metástases, momento em que a doença já atingiu outros órgãos e tecidos, ocorre entre 4 e 14% dos casos. Sintomas como dor lombar, dificuldade para respirar (dispnéia), vômitos e emagrecimento são o que levam o paciente a procurar ajuda médica, quando encontram o câncer. De 2 e 10% dos pacientes podem apresentar aumento das mamas (ginecomastia), subfertilidade ou infertilidade.
A história clínica e o exame físico são fundamentais nos casos de câncer de testículo. O exame físico com elevada suspeita de tumor pode, por si só, indicar a remoção cirúrgica do testículo doente (orquiectomia). A ultrassonografia de bolsa testicular é o exame mais realizado para complementar o diagnóstico.
Desenvolvimento do tumor
O tempo de duplicação (velocidade de crescimento do tumor) do câncer de testículo é de 10 a 30 dias nos casos de TCGNS, sendo um pouco maior em casos de seminoma. A disseminação linfonodal é ordenada para linfonodos do abdome (raramente para pelve). Mudança de drenagem linfática para linfonodos inguinais ou pélvicos pode ser ocasionada por herniorrafia, orquidopexia, vasectomia ou procedimentos transescrotais (como orquiectomia via escrotal ou biópsia). Metástases à distância podem surgir no pulmão, fígado, cérebro ou ossos (80% com mesma histologia do tumor). As metástases viscerais são mais marcantes no carcinoma embrionário e no coriocarcinoma.
Tratamento
O tratamento do câncer de testículo inicia-se pela orquiectomia radical, realizada via inguinal. Através dela, define-se a histologia do tumor bem como seu nível de extensão local. Após, dependendo da extensão da doença (definida pelos exames de estadiamento), define-se o tratamento.
Nos casos de seminoma, se a doença for localizada e de baixo risco, opta-se pela observação. Já nos casos de doença localizada de alto risco, pode-se optar por quimioterapia sistêmica, radioterapia ou observação. Se a doença já apresentar metástases ganglionares (linfonodos retroperitoneais), a primeira opção é a quimioterapia, sendo a radioterapia uma opção em casos de doença limitada. Havendo doença metastática identificada, o tratamento quimioterápico é a opção de escolha. Se, após o tratamento, houver doença residual identificável, pode-se indicar uma ressecção cirúrgica nos casos de doença de maior volume.
Nos casos de TCGNS, se a doença for localizada e de baixo risco, exite a opção da observação, quimioterapia ou cirurgia (linfadenectomia retroperitoneal). Já nos casos de doença localizada de alto risco, a opção primária é pela quimioterapia, sendo a linfadenectomia retroperitoneal uma opção factível, na dependência da histologia. Em casos de doença com metástases linfonodais, o tratamento padrão é a quimioterapia, bem como nos casos de doença avançada, onde existem metástases para outros órgãos. Após o tratamento inicial, se for identificada doença residual, a escolha pela remoção cirúrgica é a primeira opção.
Quem deseja obter mais informações sobre os tumores de testículo pode baixar o e-book “Informações importantes sobre tumores de células germinativas (TCG) de testículo“ e encontrar nesse material mais dados sobre os fatores de risco, sintomas, tipos de tumor e os possíveis tratamentos deste tipo de doença.